Ser respeitoso pode ser seu maior mecanismo para afastar pessoas.

Por Celina Omori | Uncategorized

fev 20

“O respeito foi inventado para esconder o lugar vazio onde deveria estar o amor. ” (“Anna Kariênina” – Liev Tolstói)

A frase do romance Anna Kariênina de Liev Tolstói ficou famosa na Internet.

Mas afinal, o que ela está nos dizendo?

Para nós, a frase abre uma possível interpretação sobre um problema atual das sociedades modernas: desaprendemos a doar e receber afetos.

Nesta interpretação, o respeito não é visto como algo positivo, mas como uma fuga, uma forma de se construir barreiras para um envolvimento maior com outras pessoas.

Neste caso, ser respeitoso, é um ágil mecanismo para encobrir quem eu sou, para não me abrir ao outro e não permitir deste encontro uma conexão mais profunda.

É como se eu aprendesse a usar o “mesmo não gostando de você, eu te respeito”, para não falar o que eu penso, o que eu sinto, e não assumir o que você me faz sentir ou não ouvir de você o que eu te faço sentir.

É uma ótima saída respeitar todos de forma “igual” como uma máscara e anestesia para não precisar interagir com cada um em suas diferenças e principalmente não assumir as minhas diferenças e limitações.

No fundo, este “ser respeitoso” não me exige me importar.

E qual o problema disso? Se isso te faz feliz, nenhum. Porém, se afastar pessoas e não ter relações afetuosas é algo que dói, talvez você tenha que observar se está utilizando esse mecanismo de sabotagem emocional para fugir de uma dor emocional.

Será que estamos escolhendo “SER RESPEITOSO” para na realidade encobrir a nossa dificuldade de amar, nossa dificuldade de doar e receber afeto? Será que criamos um ótimo mecanismo para fugir e não mostrar nossas vulnerabilidades?

Se a resposta for SIM, então a frase de Tolstói nunca fez tanto sentido para a atualidade: estamos escolhendo a anestesia do respeito ao outro para encobrir o lugar vazio onde deveria estar o amor.

Sobre o autor

Graduada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP com especialização em Linguística – Aquisição e Aprendizagem da Linguagem, começou a formação explorando as teorias de aprendizagem e formação humana, com grande interesse principalmente na psicologia e pedagogia. Encontrou no universo da educação o que futuramente seria sua maior habilidade e paixão: formar pessoas. Responsável por elaborar e ministrar treinamentos, desenvolver e reter talentos, planejamento estratégico, reestruturação de processos operacionais, definir e acompanhar indicadores gerenciais. Atualmente, atua apenas como mentora e consultora, auxiliando pessoas a desenvolverem técnicas de soluções de problemas e construção de relacionamentos para uma descoberta além das habilidades comportamentais, mas principalmente para um desenvolvimento completo físico, intelectual, comportamental e social.